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Lia: Que difícil é ser eu

“Quando o Senhor viu que Lia era desprezada, concedeu-lhe filhos.” (Gênesis 29:31) Lia. Uma mulher com olhos doces — ou tristes. Uma fig...

Lia: Que difícil é ser eu
Lia: Que difícil é ser eu (Foto: Reprodução)

“Quando o Senhor viu que Lia era desprezada, concedeu-lhe filhos.” (Gênesis 29:31)

Lia. Uma mulher com olhos doces — ou tristes. Uma figura bíblica esquecida por muitos, mas profundamente relevante para todas nós que, em algum momento da vida, nos sentimos rejeitadas, invisíveis ou trocadas.

Ela não era a escolhida.

Não era a desejada.

Não era a amada.

Lia representa tantas mulheres que, como ela, foram empurradas para uma história que não escreveram, colocadas em cenários onde não foram ouvidas, mas esperavam ser vistas — e principalmente, amadas.

Feridas invisíveis, dores silenciosas

O relato de Gênesis 29 nos apresenta Lia como filha de Labão e irmã mais velha de Raquel, a bela e favorita. Desde criança, Lia carregava o peso da comparação. Seus olhos caídos (ou tristes) tornaram-se uma marca de sua rejeição. Ela era a que ficava de fora das brincadeiras, das paqueras, dos olhares.

Quantas mulheres crescem acreditando que nunca serão suficientes?

Na Teopsicoterapia, chamamos isso de identidade ferida — quando você constrói a sua imagem com base no olhar e nas palavras de rejeição que recebeu. Lia cresceu em um ambiente onde sua aparência era uma sentença. Ela não era a mais bonita, nem a mais popular, mas foi a que teve que obedecer. Sua história foi escrita por outros.

Ela não escolheu amar Jacó. Mas amou.

Ela não escolheu casar-se daquela forma. Mas casou.

Ela não escolheu ser a segunda opção. Mas foi.

Lia representa a mulher que, mesmo sendo fiel, ainda assim é deixada de lado. A mulher que ama, mas não é amada na mesma medida. Que serve, mas não é reconhecida. Que dá tudo de si, mas nunca é vista como prioridade.

Que difícil é ser eu

Quem nunca disse essa frase em meio ao cansaço emocional?

“Que difícil é ser eu” — quando suas orações parecem não passar do teto.

“Que difícil é ser eu” — quando você se doa e não recebe nada em troca.

“Que difícil é ser eu” — quando sua alma chora e ninguém percebe.

Mas o céu te vê. O céu sempre te viu.

“Quando o Senhor viu que Lia era desprezada...” (Gênesis 29:31)

Este versículo é um bálsamo para as mulheres invisibilizadas. Deus viu Lia. Deus vê você.

Da dor à maturidade: o caminho da alma ferida

O psicoterapeuta cristão Augusto Cury diz:

“Só adquire maturidade quem usa suas frustrações para alcançá-la.”

Deus não ignorou o sofrimento de Lia. Ele o usou. Deus não anulou sua história. Ele a ressignificou. Lia foi se transformando a cada filho que teve. Ela deu nomes aos seus filhos com base em sua dor, mas também em sua cura.

Rúben: “O Senhor viu minha aflição.” Simeão: “O Senhor ouviu que sou desprezada.” Levi: “Agora meu marido se unirá a mim.” Judá: “Desta vez louvarei ao Senhor.”

Você percebe o processo?

Do desejo de aceitação → à maturidade espiritual. Do choro da rejeição → ao louvor pelo cuidado de Deus.

Essa é a proposta da Teopsicoterapia: ajudar você a transformar sua dor em propósito. Curar sua história à luz da fé. Não negamos as feridas, mas as colocamos diante d’Aquele que pode transformar lágrimas em cura.

Três passos para sair da sombra de Raquel

Quantas vezes você já se comparou com outras mulheres?

Quantas vezes sentiu que sua irmã, amiga, colega ou vizinha é a Raquel — bonita, desejada, feliz — e você é a Lia?

Vamos mudar essa narrativa.

1. Pare de se definir pela rejeição

O mundo te rejeitou? Pessoas te ignoraram? Não importa.

“Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus!” (Salmos 42:5)

Você não é o que disseram sobre você. Você é filha amada de Deus. Sua identidade não está no que os outros pensam, mas em quem Deus diz que você é.

2. Reescreva sua história com Deus

Lia poderia ter ficado amargurada para sempre. Mas decidiu mudar sua fala: “Desta vez, louvarei ao Senhor.”

Talvez o casamento não foi o que você esperava.

Talvez sua infância foi dura.

Talvez você nunca ouviu “eu te amo” de quem deveria dizer.

Mas Deus está te convidando a reescrever sua história com Ele.

Na Teopsicoterapia, ensinamos que maturidade emocional é quando você assume a autoria da sua própria vida, com coragem, fé e direção espiritual.

3. Transforme sua dor em legado

Lia gerou Judá — da linhagem de Judá viria Jesus.

A desprezada se tornou geradora do Redentor.

A esquecida se tornou protagonista do plano divino.

Você consegue ver? Deus não apenas viu Lia. Ele escreveu um destino eterno através dela.

Sua dor, sua história, sua cruz — tudo isso pode ser redenção para outras mulheres. Não se esconda. Não se apague. Deus quer usar você como uma voz de cura para outras que também dizem: “Que difícil é ser eu”.

Um convite final

Talvez hoje você esteja como Lia, olhando para a felicidade dos outros e perguntando por que a sua vida é tão difícil. Talvez o seu coração esteja gritando em silêncio, enquanto todos ao seu redor acham que está tudo bem.

Mas Deus está aqui.

Ele vê o seu coração.

Ele não te rejeitou. Ele te escolheu.

Oro para que, como Lia, você possa passar do lamento ao louvor. E possa declarar, com fé:

“Desta vez, louvarei ao Senhor.”

Você não é Lia por acaso.

Você é filha do Rei.

E Ele está transformando sua dor em propósito.

Se esse texto tocou o seu coração, compartilhe com outras mulheres. Que juntas possamos ajudar umas às outras a sair das sombras, a curar nossas feridas e viver o propósito eterno que Deus nos reservou.

Estou a sua disposição, para atendimentos presenciais e On-Line, entre em contato comigo.

**Texto baseado em um dos capítulos do livro Sobre Elas, de minha autoria.

 

Néia Leite (@pastoraneialeite) é Psicanalista, Teoterapeuta e Pastora, atuou como esteticista e professora de ginástica localizada. Seu chamado para o aconselhamento e cura interior de mulheres tornou-se uma referência. Além de sua formação acadêmica em Ciências Contábeis, Educação Física e pós-graduação em Teopsicoterapia, está concluindo MBA em Teoterapia e Competência Emocional. Autora dos livros "Vencendo o Mal com a Palavra de Deus" e "Sobre Elas", e idealizadora do Planner Teoterapêutico. Atualmente, trabalha profissionalmente no atendimento individual teoterapêutico e lidera quatro grupos de Teoterapia para mulheres. Casada com o Pastor Valcelí Leite, é mãe de Vitória e Melina, casada com Fernando e se tornou avó de Isaque e Noemi.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Uma história de cura, restauração e identidade em Deus